São pelo menos quatro milhões de indivíduos que sofrem com o mal e
ainda se espera que esse número dobre até 2040 devido ao aumento de
idosos em todo mundo. No Brasil, o Ministério da Saúde afirma que a
doença atinge 200 mil pessoas.
A causa central do distúrbio está
relacionada à degeneração e diminuição das células situadas em uma
região do cérebro chamada de substância negra. Essas células produzem
dopamina, um importante neurotransmissor que ajuda na transmissão de
mensagens entre as células nervosas. A falta ou a redução deste
neurotransmissor afeta os movimentos, a postura e o tônus muscular,
gerando tremores, lentidão nas atividades, rigidez nos músculos,
desequilíbrio e alterações na fala e na escrita.
De acordo com a
neurologista Vanderci Borges, o motivo exato que leva a essa redução
nos movimentos (e ao Parkinson) ainda é objeto de estudo científicos.
No entanto, a médica esclarece que apesar do problema não ter uma causa
definida e nem cura, o tratamento existente é eficaz e proporciona uma
melhor qualidade de vida para os parkinsonianos.
A neurologista
ressalta, ainda, que não existe uma conduta para se prevenir do
problema e nem de reverter os sintomas, porém se for feito um
diagnóstico precoce e um tratamento inicial correto o paciente possui
grandes chances de que o seu quadro clínico não se agrave. ´Não existe
prevenção para o Parkinson, porque não sabemos de que forma se
proteger. O mais importante é que o paciente, ao sentir os primeiros
sinais, procure uma orientação médica, principalmente um neurologista,
pois é esse o especialista indicado para diagnosticar e tratar a doença
de uma forma adequada´, explica a médica.
A presidente da
Academia Brasileira de Neurologia (ABN) Elza Dias Tosta, afirma que o
Parkinson é uma das formas mais comuns de parkinsonismo, termo
utilizado para definir distúrbios com características semelhantes.
Segundo ela, ainda não existem exames que comprovem a incidência da
doença, ou seja, o diagnóstico do Parkinson é feito por exclusão.
´Muitas vezes os médicos recomendam exames como tomografia
computadorizada e ressonância magnética para terem a certeza de que o
paciente não possui outra doença´. A descoberta da manifestação se faz
baseada na história clínica do doente e em uma série de exames
neurológicos.
O Parkinson pode afetar qualquer pessoa
independentemente do sexo, raça, cor ou classe social. Mas já se sabe
que o mal tende a atingir mais a população idosa, já que a maioria dos
pacientes começa a relatar os primeiros sintomas a partir dos 50 anos.
A doença também pode acometer indivíduos mais jovens, embora esses
casos sejam mais raros.
TratamentoAs
grandes armas da medicina para enfrentar o Parkinson são os
medicamentos e os procedimentos cirúrgicos. Além do tratamento
multidisciplinar, com o uso da fisioterapia que possibilita maior
independência ao doente melhorando o quadro motor e funcional como um
todo. É essencial a inclusão de outras áreas, tais como: nutrição,
psicologia, fonoaudiologia que envolvem exercícios para melhorar a
região da face que engloba a voz, respiração e as articulações.
O
Levodopa ou L-Dopa é o medicamento mais eficaz no tratamento da doença.
A droga se transforma em dopamina no cérebro e supre parcialmente a
falta do neurotransmissor destruído. Porém os médicos advertem que o
uso prolongado de tais remédios pode ocasionar reações, como movimentos
involuntários e anormais. É essencial enfatizar que todos os portadores
de Parkinson têm direito de receber gratuitamente pelo Serviço Único de
Saúde (SUS) todos os medicamentos.
Outro tipo de tratamento já
disponível no Brasil é a estimulação cerebral através do uso do
marcapasso, considerado benéfico para reduzir o tremor decorrente da
doença. Apesar da eficiência já comprovada do procedimento, é algo
inacessível para a maior parte da população devido ao seu alto custo.
Convivendo com o Parkinson há dezesseis anos, o ator e diretor Paulo José é um exemplo a ser seguido e admirado.
A
poucos tempo fazendo uso de um marcapasso, ele conta que encara a
doença sem medo e vergonha. ´Muitas pessoas com Parkinson se sentem
liquidadas, sentem vergonha. Eu não, eu quero viver e quero que elas
vivam também´.
Paulo José fala que por conta da doença ele
poderia ter abandonado a carreira já que um dos sintomas é a rigidez
facial (essencial para expressar as emoções), mas ele não desistiu e
seguiu em frente. ´Eu faço tudo, não deixei de trabalhar, não deixei de
viver! Mas também não esqueço de tomar os remédios e de praticar
atividades físicas regularmente´. O ator é padrinho da Campanha
´Juntos, Vencendo o Parkinson´ lançada este mês, em São Paulo, uma
iniciativa conjunta da ABN e da ABP, com apoio do Laboratório
Boehringer Ingelheim. O objetivo é alertar a população para a
importância do diagnóstico e tratamento do Parkinson. Progressos na
compreensão da causa e dos mecanismos envolvidos permitirão no futuro
cessar ou até mesmo reverter o curso progressivo desta doença.
A influência da alimentação
Os
cuidados com o corpo e com a mente são imprescindíveis para se ter uma
boa saúde e uma melhor qualidade de vida. A alimentação é algo
essencial para o bem estar de todos, principalmente dos portadores de
Parkinson.
A preocupação com os alimentos é fundamental e com as
pessoas que possuem Parkinson não é diferente, já que o mal atinge
frequentemente os idosos. Grupo mais sujeito a ter hipertensão
arterial, infartos, diabetes e que podem ser evitados e/ou controlados
através de uma dieta saudável.
Alguns sintomas que prejudicam
uma alimentação adequada podem ser observados dependendo da fase da
doença, da dose dos medicamentos ou da etapa do tratamento. Além disso,
vários fatores podem levar o paciente à desnutrição ou à obesisade,
tais como: depressão; a não aceitação da doença; pouca atividade física
e imobilidade; remédios utilizados na fase inicial, interferindo na
absorção intestinal dos nutrientes; dietas não orientadas; e
dificuldades motoras devido ao tremor e a rigidez muscular.
ConstipaçãoA
constipação é uma das queixas mais frequentes dos parkinsonianos,
atingindo mais de 50% deles. Esse fato é preocupante já que permanecer
com o intestino permanentemente preso pode atrapalhar o tratamento com
a levodopa, pois dificulta a absorção dos remédios utilizados.
A
alimentação é uma boa saída para os pacientes melhorarem, não só esse
quadro, mas a sua vida como um todo. Nesse caso, o mais indicado para
estimular o funcionamento do intestino é comer bastante frutas,
verduras, cereais integrais, feijão, ingerir iogurte e mastigar bem os
alimentos. Outras reclamações decorrentes do mal que podem ser
amenizadas através da alimentação são a perda de peso; obesidade;
secura na boca e/ou hipersalivação; e distúrbios gástricos (náuseas,
queimação no estômago e vômitos).
É possível através de mudanças
no estilo de vida e na alimentação controlar melhor as variações do
Parkinson. Durante o curso da doença podem surgir diversos problemas
alimentares, sendo comum pessoas com todos ou parte deles, estando
relacionado ao estágio de dependência do parkinsoniano, dos cuidados
com a alimentação ao longo da vida, assim como da aceitação do portador
em relação as mudanças necessárias e sugeridas pelos especialistas.
INCIDÊNCIA
3,3%
dos brasileiros com mais de 65 anos no Brasil são portadores da Doença
de Parkinson. O dado consta de pesquisa realizada pela Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG).
Fonte: Viva